26.2.07

Diálogo

- Pelo amor de Deus Lydia, porque és tão estúpida? Não percebe que eu sou um solitário? Um recluso? Não consigo escrever doutro modo.
- Como pode aprender algo sobre as pessoas, se te recusas a estar com elas?
- Já sei tudo sobre elas.
- Mesmo quando vamos a um restaurante, ficas de cabeça baixa e não olhas para ninguém.
-Para quê?
- Eu observo as pessoas. Estudo-as.
- Merda.
- Tu tens medo das pessoas!
- Odeio-as.

Pausa, deixem o Chinaski falar.

Tudo o que eu consigo pensar é no quão idiota são as pessoas que me cercam e no quão eu mesma sou ridícula. É tudo tão previsível, aquelas dores de cabeças, olhos vermelhos, as dúvidas, as risadas e toda aqueles olhares furtivos. A paranóia.
Aqui estou, sentindo que aos 40 anos serei um velha de peitos caídos decadente com unhas sujas e dentes amarelados, resmungando e falando tanto palavrão quanto agora. Pra que tudo isso? Pra que essa merda de vida? Pra que vestibular, cervejas nos fim de semana? E acima de tudo, pra que HOMENS? Homens me enchem de dor de cabeça. Agora me olho no espelho e tenho vontade de rir, de dar uma garalhada daquelas que você curva a cabeça pra trás e fecha os olhos, enquanto sente borboletas na barriga. Só pra depois abrir os olhos, se encarar no espelho e lembrar o que você e o resto da humanidade é: patética.

Agora, volto para o meu livro.

25.2.07

"Muito cara legal foi parar debaixo da ponte por causa de uma mulher."

Ela parecia preocupar-se muito mais comigo do que antes da sua partida. - O meu marido tinha um enorme caralho e era tudo o que tinha. Não tinha personalidade nem vibrações. Apenas um enorme caralho e pensava ele que era tudo quanto precisava. Meu Deus, como era estúpido! Contigo, continuo a ter vibrações, este feedback elétrico nunca pára. Estávamos os dois na cama.

- E nem sequer sabia que ele tinha um grande caralho, porque o dele foi o primeiro que vi. Ela examinou-me cuidadosamente. - Pensei que todos fossem assim.

(trecho extraído do livro Mulheres, de Bukowski)

Esse velho me pegou de jeito, finalmente uma boa leitura e muitos litros de café.

sunday morning

Um calor tão irritante que a vontade que eu tenho é de me enfiar dentro da minha própria geladeira, a leseira me consome, as cervejas acabaram. Escutar mil vezes o cd do Richard Ashcroft. É tanto sentimento por dentro e por fora tudo o que se vê é o tédio de uma manhã ensolarada de domingo.

To end up alone
in a tomb of a room
without cigarettes
or wine -
just a lightbulb
and a potbelly,
gray-haired,
and glad to have
the room.

... in the morning
they're out here
making money:
judges, carpenters,
plumbers, doctors,
newsboys, policemen,
barbers, carwashers,
dentists, florists,
waitresses, cooks,
cabdrivers...

and you turn over
to your left side
to get the sun
on your back
and out
of your eyes.

Poem of my 43rd birthday - Charles Bokowski

23.2.07

Puff! Apagou.

Eu descobri que toda aquela minha empolgação por teatro, filmes e cultura em geral se apagou um pouco. Antigamente a minha maior paixão era ir ao Cine Arte UFF e assistir a todos os filmes alternativos que passavam por apenas dois reais. Depois, era andar até a Compão mais próxima, pedir um suco de açaí com granola e ficar andando sem rumo na praia em direção ao MAC (Museu de Arte Contemporânea) ou ainda ir na casa de alguém e terminar a noite falando abobrinha.
Agora eu não consigo achar graça em ir a um lugar que não tenha cerveja e onde seja proibido fumar, ou ainda onde eu não possa escutar alguma roda de samba ou maracatu de rua. Não sei como se deu esta mudança, mas atualmente a minha vida consiste em momentos de puro tédio quando estou sem dinheiro, seguido de dias memoráveis, daqueles que você sabe que vai guardar na memória.

A última terça feira na Lapa foi um destes dias em que você sabe que apesar dos contras o saldo foi muito positivo e deixou lembranças e vontade de pedir bis. Uma pena saber que isso infelizmente não vai durar. Assim como eu troquei os museus pelas festas, sei que vou ficar velha, resmungona e acabar largando essa vida também. Eu sou um tipo de pessoa que nunca está satisfeita e está sempre procurando algo novo, ainda que não seja muito construtivo. Risos.

Mas, voltando ao assunto, deu saudades agora. Não acho que largaria essa minha vida de partyanimal, pelo menos não enquanto os meus 18 anos durarem, mas gostaria de saber conciliar as duas coisas e voltar a ser um pouco mais culta.


foto: Thiago "segurando" o MAC. Dias que se foram, mas deixam saudades.

20.2.07

Ultimas notícias do carnaval

É, o carnaval está correndo solto por todos os lugares e eu estou bancando a esquizofrênica e escrevendo para mim mesma e desconhecidos que entram nesse blog sabe-se lá como.


A noite de sexta na Lapa foi boa, sempre que vou me divirto muito e esqueco os problemas, mas dessa vez não foi tão bom. Eu havia passado a semana toda acordando cedo e dormindo tarde. O resultado é que às 3 da manhã eu já estava morta de cansaço e sequer conseguia ficar em pé, que dirá dançar. Claro que a cachaça e a cerveja só ajudaram a piorar a situação. Foi até engraçado quando um australiano (lindo por sinal) veio falar comigo num português/espanhol hilário e eu que estava meio cochilando levei um susto!
No final, o Steve (o australiano) ficou conversando horas comigo até que uns amigos dele surgiram do nada e o chamaram para ir em uma outra festa. O Steve me convidou para acompanhá-los, mas eu queria ir embora ou desmaiaria ali mesmo. Acabei realmente indo embora, uma pena.


Hoje irei de novo para Lapa, último dia de carnaval aquilo vira uma loucura, mas dessa vez estou preparada, relaxei o suficiente ontem e se voltar viva, conto como foi.

foto: vista da janela do apartamento em Saquarema, o pontinho ali sou eu fazendo pose em frente ao carro do papis. risos.

16.2.07

Se eu fosse você, clicava.

Daqui a pouco estarei indo para mais um dos blocos do Rio de Janeiro. O Bloco das Carmelitas em Santa Tereza, um dos meus bairros preferidos. A história do bloco é bem engraçada, dizem que o bloco tem este nome por causa de uma freira que teria pulado os muros do convento para se acabar no carnaval. Se é verdade ou não, isso eu já não posso dizer.

E aqui vão os links de algumas músicas que você precisa e deveria assistir:

O primeiro é uma música linda do cantor José Gonzales (que tem esse nome, mas nasceu na Suécia) e talvez alguns já conhecam devido a mixagem do DJ Tiesto. A música chama-se Crosses.



O segundo é o clip da música Trains to Brazil de uma banda chamada The Guillemots não muito conhecida no Brasil. Quem me deu a dica foi o Robin (falarei mais tarde sobre), ele disse que estaria indo assistir os caras ao vivo hoje em Londres. Quem pode, pode né!



Pra terminar, não poderia faltar Matt Hales do Aqualung com a música mais romântica que eu já escutei. E olha que eu achava que ninguém poderia superar Sondre Lerche, Ben Kweller ou Coldplay, mas está aí. Strange and Beautiful (I'll put a spell on you).





Então é isso, bom proveito e bom carnaval!

14.2.07

Quem não gosta de samba, bom sujeito não é.

Quando as pessoas dizem que no Brasil o trabalho duro só começa depois do carnaval elas não estão brincando. Apesar das férias escolares terem terminado recentemente e todo o proletariado estar no batente sem descanso, há um certo clima de felicidade coletiva, porque todos sabem que na próxima sexta-feira o carnaval começa oficialmente.
Muita gente odeia, acha que o carnaval é a vergonha do país, eu mesma odiei durante toda a minha adolescência. E olha aque é justo na adolescência que o carnaval parece ser mais promissor, pois ao menos nestes 5 dias, mãe nenhuma pode dizer não ao filho, por ele querer brincar no carnaval.
O fato, é que essa festa é esperada por quase toda a população, as pessoas planejam com antecedência, se individam, fazem amizade com o amigo do amigo. Tudo para poder viajar no carnaval, se vestir de mulher, encher a cara e cair na calçada bêbado. Enfim, enfiar o pé na jaca sem vergonha e ainda ri disso tudo.
Acho que essa é a principal diferença do povo brasileiro, ninguém tem dinheiro, mas todos tem vontade de se divertir o máximo possível, ainda que seja com farofa e Cintra na areia da praia. Vai entender.

Agora falando propriamente do carnaval, ele tem diferentes estilos, mas o que predomina na cidade do Rio de Janeiro são os já tradicionais blocos de rua em lugares históricos. Foi com isso que eu aprendi a amar o carnaval. Lugares como Praça Mauá, Praça General Osório em Ipanema, Av. Rio Branco, Santa Tereza e Lapa abrigam o maior número de blocos de rua durante estes dias. E o melhor, com o legítimo samba e chorinho. Semana passada fui à dois blocos famosíssimos chamados Cordão do Bola Preta e Escravos da Mauá e é contagiante ouvir o coral de toda aquela gente que saiu do trabalho e mesmo com roupas sociais seguem a multidão cantando o hino do bloco e acompanhando as músicas de Chico Buarque, Ivone Lara e Beth Carvalho.
Acho que todo esse preconceito que muita gente tem contra os blocos, deve-se ao fato dos mesmos nunca terem ido, pois se você teve a oportunidade de participar de uma festa tão bonita, com tão boa música e gente feliz e ainda assim achou que é coisa de "favelado", com todo respeito, bom sujeito você não deve ser.

foto: bloco Escravos da Mauá na Praça Mauá. As cabrochas (como são chamadas as mulheres do samba) cantam o samba enredo do bloco.

foto: alguns foliões intrusos, eu (no canto com óculos ray-ban) e amigos no Bangalafumenga, outro dos milhares de blocos famosos no Rio.

*a foto no ínicio do post é do bloco Cordão do Bola Preta no centro do Rio de Janeiro.


13.2.07

"Beijos" e "saudades" em português

Mesmo com o sono me vencendo cá estou eu novamente. O blog não tem nem 24 horas, ninguém o visita, mas de repente parece que eu tinha mil coisas para desabafar e isso está me servindo como válvula de escape. Porque com todas essas caraminholas na minha cabeça e este ócio, se eu não fizer algo a respeito, enlouquecerei em questão de semanas.
Amanhã tenho que acordar cedo. Não, não trabalho e não tenho essa obrigação, mas me matriculei na aula de hidroginástica, que por enquanto só fiz uma e estou muito empolgada. A aula é bastante divertida e nos dias que não faço eu ando alguns quilômetros pela manhã. Estou me sentindo bem melhor desde que comecei, mas ainda preciso aumentar o ritmo. Pena que o carnaval chegou e os meus dois quilos restantes não querem sair nem pelo decreto. O jeito é intensificar o trabalho mesmo.

Ah, lembrei que preciso fazer um post sobre o carnaval e os blocos de rua do Rio. Mas isso fica pra outra hora, agora o que eu realmente preciso é dormir.


Em tempo, tive que postar essa foto do Roger com o seu pai, é a minha preferida sem dúvida. E hoje, depois de termos nos falado durante horas após tantas semanas ausente um da vida do outro eu descobri que o adoro mais do que pensava. Não sei se ele vai ler isso e sequer entender o que eu disse, mas mando "beijos" e "saudades".

chupa minha vida

Frequentemente acredito ter transtorno bipolar. Porque acho incrível a oscilação de humor que tenho durante todo o dia. Eu começo o dia bem, para depois, por uma coisa irrelevante, ficar o dia todo mal até que de noite, novamente por uma coisa irrevelevante, eu volte a ficar bem. Isso enche o saco. Tanto das pessoas em minha volta, quanto a minha própria.
Ultimamente o motivo da vunerabilidade são vários. Primeiro foi a faculdade. Não sabia se iria passar e o que aconteceria se não passasse. Agora já matriculada na UERJ, não sei se é isso que eu quero pra mim, fico o tempo todo achando que vou odiar o curso, fico pensando que não quero fazer faculdade nenhuma e que tudo isso foi obrigação de filha, porque frankly dear, I dont give a damn. E por isso mesmo fico me achando realmente louca como todos dizem e cada vez mais encanada.
Como se já não me bastasse, o destino adora brincar comigo. Desculpe, mas eu tenho que parafrasear outra música do Smiths e dizer que "that joke isn't funny anymore." Porque francamente, os homens são um verdadeiro enigma pra mim, só quero os mais complicados, aqueles com os quais não tenho nenhuma chance, aqueles que não sabem da minha existência ou se sabem, não podem fazer nada a respeito. E eu que sempre acabo esquecendo e deixando tudo arquivado e esquecido em algum canto da minha mente, me peguei reconsiderando uma oportunidade que eu tive e não tinha dado muita importância na época. Mas agora eu penso, por que fiz isso? [EDITADO]
Talvez, se eu tivesse dito um sim ao invés de um "tá maluco?" eu não estaria agora extremamente entediada a ponto de voltar a escrever em um blog. life sucks.

Não sei, mas talvez seja uma boa idéia tentar voltar a escrever regularmente, ainda que sejam tentativas frustadas. Ficarei meses sem fazer nada, esperando a faculdade começar e até lá preciso manter minha mente ocupada com alguma coisa. Ainda não sei também se pretendo compartilhar divagações com outras pessoas, a era dos blogs acabou faz tempo, mas não custa nada tentar.