14.2.07

Quem não gosta de samba, bom sujeito não é.

Quando as pessoas dizem que no Brasil o trabalho duro só começa depois do carnaval elas não estão brincando. Apesar das férias escolares terem terminado recentemente e todo o proletariado estar no batente sem descanso, há um certo clima de felicidade coletiva, porque todos sabem que na próxima sexta-feira o carnaval começa oficialmente.
Muita gente odeia, acha que o carnaval é a vergonha do país, eu mesma odiei durante toda a minha adolescência. E olha aque é justo na adolescência que o carnaval parece ser mais promissor, pois ao menos nestes 5 dias, mãe nenhuma pode dizer não ao filho, por ele querer brincar no carnaval.
O fato, é que essa festa é esperada por quase toda a população, as pessoas planejam com antecedência, se individam, fazem amizade com o amigo do amigo. Tudo para poder viajar no carnaval, se vestir de mulher, encher a cara e cair na calçada bêbado. Enfim, enfiar o pé na jaca sem vergonha e ainda ri disso tudo.
Acho que essa é a principal diferença do povo brasileiro, ninguém tem dinheiro, mas todos tem vontade de se divertir o máximo possível, ainda que seja com farofa e Cintra na areia da praia. Vai entender.

Agora falando propriamente do carnaval, ele tem diferentes estilos, mas o que predomina na cidade do Rio de Janeiro são os já tradicionais blocos de rua em lugares históricos. Foi com isso que eu aprendi a amar o carnaval. Lugares como Praça Mauá, Praça General Osório em Ipanema, Av. Rio Branco, Santa Tereza e Lapa abrigam o maior número de blocos de rua durante estes dias. E o melhor, com o legítimo samba e chorinho. Semana passada fui à dois blocos famosíssimos chamados Cordão do Bola Preta e Escravos da Mauá e é contagiante ouvir o coral de toda aquela gente que saiu do trabalho e mesmo com roupas sociais seguem a multidão cantando o hino do bloco e acompanhando as músicas de Chico Buarque, Ivone Lara e Beth Carvalho.
Acho que todo esse preconceito que muita gente tem contra os blocos, deve-se ao fato dos mesmos nunca terem ido, pois se você teve a oportunidade de participar de uma festa tão bonita, com tão boa música e gente feliz e ainda assim achou que é coisa de "favelado", com todo respeito, bom sujeito você não deve ser.

foto: bloco Escravos da Mauá na Praça Mauá. As cabrochas (como são chamadas as mulheres do samba) cantam o samba enredo do bloco.

foto: alguns foliões intrusos, eu (no canto com óculos ray-ban) e amigos no Bangalafumenga, outro dos milhares de blocos famosos no Rio.

*a foto no ínicio do post é do bloco Cordão do Bola Preta no centro do Rio de Janeiro.


No comments: