22.4.08

Bovary, c'est moi!

Preciso assistir mais filmes, eu poderia tirar férias e passar dias inteiros só assistindo filmes, um atrás do outro. Existem tantos que gostaria de assistir, tantos que eu deveria, mas nunca ouvi falar e eu fico aqui numa mistura de ressaca e gripe, tentando me organizar e começar a estudar para todos os seminários e provas que tenho semana que vem.
Será que vai existir um dia onde finalmente eu vou aprender a parar de procastinar e fazer o que eu tenho que fazer?


Preciso ler mais livros também, mas pra isso precisava de dinheiro e tá aí uma coisa que nunca tenho. Até agora a faculdade tem consumido meu tempo com leitura de livros sobre estudos da língua que não deixam de ser interessantes, mas convenhamos que eu preferia ler Kafka. Num recente sorteio para um seminário, eu tive a sorte ou talvez azar de tirar o livro que li nessa mesma época ano passado: Madame Bovary. Acho que no atual momento em que me encontro, ler sobre a Emma Bovary será um pouco angustiante. É que eu, assim como Flaubert e tantas outras pessoas, acho que tenho muito da Bovary em mim. Isso de estar sempre lendo romances e buscando sempre ser quem não era, chocando uma sociedade ainda tão antiquada a ponto de não perceber o quão normal Bovary era com seus desejos e anseios. Eu a entendo tanto, que chego a me angustiar quando ela deixa que as emoções aflore e assume os riscos de se ter uma vida paralela àquela que apresenta a sociedade. Acho que ali está uma mulher como muitas das que existem hoje em dia, que atribuem suas buscas incessantes em outros homens como uma tentativa de se manter viva e de sair da rotina que tanto lhe consome.

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