18.9.08

Tudo o que você queria ser

foto: o quarto dos homens e alguns dos futuros integrantes do Clube da Esquina

O Milton Nascimento sempre foi um grande músico na minha opinião, não que ele precise dela, pois bem antes de eu nascer ele já estava consagrado, mas o fato é que eu nunca dei muita idéia pra ele e suas músicas. Quando eu era criança, meu pai sempre colocava uma fitak7 dele e às vezes, eu percebia que ele se emocionava. Eu achava meio chato aquela voz tooooda profunda e cheia de sentimento, eu era pequena e preferia o disco da Xuxa.

Os anos foram passando e eu fui ficando cada vez mais parecida com o meu pai, não só fisicamente, mas no jeito, na teimosia e principalmente no gosto musical. Dividimos os cds agora e sem querer querendo, eu sempre acabo botando pra tocar alguma música que ele goste muito. E é assim com o Milton, ou melhor, o Bituca. Hoje em dia escutar o Clube da Esquina ou ainda o trabalho solo do Bituca me faz reviver não só a minha infância, como também momentos de uma época que eu não vivi. Ali tem sangue correndo, tem vida, aquela voz tem algo de transcendental.

Eu comecei a ficar meio obcecada pelo trabalho dele, admito. Uma coisa levou a outra e caiu em minhas mãos o livro Os Sonhos Não Envelhecem. O livro foi escrito pelo compositor (já que ele odeia ser chamado de letrista) Márcio Borges, irmão de Lô Borges que por sua vez cantou com Milton no Clube da Esquina. Devorei o livro, chorei e ri com as histórias daquela juventude mineira moradora do famoso Edifício Levy em Belo Horizonte. Entender o universo em que cada canção foi criada, o motivo ("Um girassol da cor do seu cabelo" foi composta por Márcio Borges quando pediu sua então namorada em casamento), a emoção da primeira vez em um palco, as aventuras movida a álcool em Três Pontas (bairro onde Bituca viveu durante anos), o clima de terror instaurado pela ditadura. Gonzaguinha emocionado, chorando no camarim, Lô Borges ainda adolescente com o The Beavers (grupo formado com seus outros 3 irmãos Beatlemaníacos). Cada detalhe, cada página era como se eu estivesse diante de uma oportunidade única de conhecer este universo, bebi as palavras. Não me considero fã, porque fã é chato e aceita qualquer coisa do artista. Eu sou apaixonada, eu diria, apaixonada pelo Bituca e por sua música tão verdadeira.

fotos do livro (clique para ampliar):



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